23 fevereiro 2011

Alcobaça permite análises para prospecção de petróleo e gás na região


A câmara de Alcobaça autorizou a realização de análises para prospecção de petróleo e gás em Alcobaça mas estipulou uma área de 500 metros de protecção ao Mosteiro, monumento que não sofrerá danos, disse hoje fonte da empresa prospectora.

As análises sísmicas "vão arrancar em Março e não deverão prolongar-se por mais de dois ou três dias" disse à agência Lusa, o presidente da câmara de Alcobaça, Paulo Inácio, que na segunda-feira aprovou por unanimidade a realização dos testes na cidade.

A decisão do executivo foi tomada na sequência de uma reunião com o Governo Civil de Leiria e responsáveis pela Mohave, empresa norte-americana que estuda a existência de petróleo e gás natural na região de Alcobaça e Torres Vedras, onde foram já realizadas análises ao solo.

"A autorização é condicionada ao parecer favorável do IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico) e estipula um raio de protecção de 500 metros ao Mosteiro de Alcobaça", sublinhou o autarca.

"O que vamos fazer é uma 'ecografia' ao subsolo para identificar a existência de petróleo ou gás natural" disse à Lusa o geólogo da empresa, Rui Vieira, afastando a hipótese de quaisquer "danos estruturais no Mosteiro".

As análises, explica o geólogo, assentam na distribuição no terreno de pontos de emissão e recessão de vibrações analisadas por computador.

Na prática, cerca de 40 a 50 camiões de diferentes tonelagens serão colocados em distintos pontos da cidade, provocando uma vibração que é transmitida a um computador que, por sua vez, "lê as vibrações emitidas pelo subsolo".

As vibrações "são inferiores às provocadas por um camião de 40 toneladas a passar em frente ao Mosteiro, o que aconteceu durante muitos anos sem qualquer problema" sustenta Rui Vieira.
A empresa já realizou o mesmo tipo de análises em Mafra e Torres Vedras, e na zona de Alcobaça analisará uma área de 160 quilómetros quadrados.

O administrador da empresa, Arlindo Alves, ressalva que as pesquisas "estão ainda num estádio muito inicial" e só o resultado indicará se haverá locais favoráveis a implantação de um furo para verificar se existe de facto petróleo ou gás.

"Se existir, teremos depois que estudar o tamanho da jazida para avaliar se há condições de rentabilidade para a exploração" disse o responsável pela empresa.

De acordo com Arlindo Alves "é ainda muito cedo para ter uma noção dos volumes", adiantando que é previsto que a empresa invista "cerca de 70 milhões de dólares" nas pesquisas.
Caso se venha a confirmar a existência de petróleo, o projecto de exploração só poderá iniciar-se dentro de uma ano e meio a dois.
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