O coordenador de um estudo de avaliação do risco de aluviões na Madeira defendeu hoje a necessidade de se adaptarem as regras de mitigação das cheias às condições específicas da ilha.
“A legislação deve adaptar-se de forma progressiva e com bom senso às condições especificas da Região Autónoma da Madeira”, afirmou António Betâmio de Almeida, coordenador do Estudo de Avaliação do Risco de Aluviões na Ilha da Madeira.
O investigador do Instituto Superior Técnico (IST), que coordenou uma equipa de mais de 50 especialistas tanto deste instituto como da Universidade da Madeira e do Laboratório Regional de Engenharia Civil, realçou igualmente a necessidade de garantir a continuidade da monitorização, de modo a construir uma base de dados históricos.
“É sempre bom fazer com que se definam prioridades e a sociedade civil deve exercer a sua pressão sobre os decisores políticos para fazer ver a importância de um trabalho destes para a economia e para a competitividade da região”, afirmou.
Das diversas recomendações do estudo, que incidiu nas cinco bacias hidrográficas mais afetadas pelas cheias de Fevereiro de 2010 - três no Funchal e duas na Ribeira Brava - constam a necessidade de se evitar a produção de material sólido que possa ser arrastado pelas águas, com um bom coberto vegetal, de se instalarem bacias de retenção de sólidos ao longo das linhas de água, de diminuir a vulnerabilidade das zonas mais expostas e de evitar a exposição a zonas de perigo, com cartas de risco.
“Todas as pessoas devem conhecer os dados e saber onde não devem estar”, sublinhou o coordenador do trabalho, cujos primeiros resultados foram apresentados na Madeira em Outubro do ano passado.
O trabalho incidiu sobre as ribeiras mais afetadas pelas enxurradas que em Fevereiro de 2010 provocaram mais de 40 mortos na Madeira.
Além de destacarem a complexidade do fenómeno ocorrido na região autónoma da Madeira, os especialistas salientaram igualmente o peso das características físicas da região nas consequências das cheias de 2010 e a necessidade de parcerias de investigação.
Para sublinhar a necessidade de manter o trabalho de monitorização, Betâmio de Almeida lembrou que os incêndios do Verão de 2010 “agravaram a vulnerabilidade das encostas”.
“É preciso uma sinergia de esforços durante 10 ou 15 anos, para se recolher informação que possa enquadrar as intervenções de prevenção da proteção civil”, sublinhou o especialista.
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Fonte:publico.pt
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