04 fevereiro 2011

Museu Geológico expõe últimos cem milhões de anos de Lisboa



O “crocodilo de Chelas”, que viveu há 12 milhões de anos quando aquela zona da actual Lisboa era selva tropical, será um dos protagonistas de uma exposição que está a ser organizada, ainda sem data, pelo Museu Geológico.

Além da cabeça fossilizada do réptil gigante, vão integrar a mostra sobre os últimos cem milhões de anos da zona onde se ergue a capital portuguesa outros vestígios que comprovam que pela zona passearam-se antepassados dos actuais hipopótamos, zebras ou elefantes africanos.

Os “testemunhos” recolhidos pelos cientistas indicam que essa fauna vivia “contente” na região, diz a brincar o director do museu, o geólogo e professor universitário aposentado Miguel Ramalho.


Ao olhar destreinado surge o que parecem ser apenas pedras, mas o enquadramento dado nas dezenas de expositores envidraçados permite ver os testemunhos dos últimos 600 milhões de anos de história do território chamado Portugal há uns escassos 900 anos.

No início da visita feita por ordem cronológica, a dimensão do tempo surge como um dos factores que mais impressionam numa ida ao museu. O vestígio mais antigo e conhecido em Portugal é uma pedra aparentemente vulgar vinda da Gronelândia, mas que terá 3800 milhões de anos, “mais dezena menos dezena de milhão”, indica Miguel Ramalho.


Dar a noção tempo não é tarefa fácil quando os números têm muitos zeros e deixa de ser perceptível para o comum dos visitantes dizer que um determinado fóssil tem 120 milhões de anos, como sucede com as primeiras plantas com flor conhecidas no mundo e encontradas em Portugal.

Para facilitar, os geólogos criaram uma tabela em que equiparam a idade da Terra aos 12 meses do ano. E se os primeiros vestígios de vida no planeta surgiram em Março, já os primeiros animais, embora com partes mineralizadas, apenas ocorreram a 12 de Novembro.

Já os animais e plantas terrestres começaram a surgir nos finais de Novembro e Jesus Cristo terá nascido no dia 31 de Dezembro, às 23:59:46, quando apenas faltariam 14 segundos para comemorar a passagem de ano.


Há já mais de 150 anos que as duas compridas salas que serviam de dormitório aos frades do convento que existia no local passaram a resguardar o museu com a história do país contada através dos vestígios geológicos - fósseis ou até aparentes pedras vulgares.

A idade faz com que o edifício seja hoje designado por “museu dos museus”, por ser o espaço museológico que há mais tempo se mantém intocável no país, afirma Miguel Ramalho. “O espaço conserva muito da atmosfera do século XIX, coisa rara mesmo a nível europeu”, onde os museus científicos, de um modo geral, foram “transformados e descaracterizados”.

Fonte: www.cienciahoje.pt

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