13 abril 2012

Parque temático dedicado aos Dinossauros na Lourinhã


O projecto custa dez milhões de euros e já tem investidores alemães que financiam 50%. O resto terão de ser fundos comunitários, já que o município local não tem dinheiro para mais. O parque terá 25 hectares com cinco percursos pelas Eras geológicas (onde haverá réplicas em tamanho real dos seres que as habitavam) e um edifício com 3500 metros quadrados que acolherá também o acervo do actual museu da Lourinhã. O investimento será rentável com um mínimo de 135 mil visitantes por ano a preços de 12 euros por entrada.


A Lourinhã pretende afirmar-se como a capital dos dinossauros e esse sentimento já foi interiorizado pela sociedade civil, que faz jus a essa especificidade local. Existem empresas chamadas Dinorações, Dinopão, Dinodeka, Dinokart e Escola de Condução Dinossauro. E vários logótipos incluem figuras de dinossauros. Para os responsáveis da empresa alemã Dinosaurier-Park este espírito colectivo foi uma das razões que os levou a acreditar que seria viável construir na Lourinhã um parque temático idêntico ao que possuem em Munchehagen, a 40 quilómetros de Hannover.

Fig. 1 - DinoPark em Munchehagen, que serviu de inspiração ao projecto para a Lourinhã.

A ideia desenvolveu-se depois de uma visita de responsáveis lourinhanenses aquela localidade, em busca de inspiração e de ideias para avançar com um projecto que já tinha 11 anos, mas que tardava em concretizar-se. Vital do Rosário, vereador da Câmara Municipal da Lourinhã, conta que o primeiro parque deveria custar 20 milhões de euros, tendo sido depois revisto em alta para 32 milhões. Um tal montante implicava que fosse visitado por 200 mil pessoas por ano com bilhetes a 20 euros cada uma. A crise, contudo, obrigou a que não se avançasse de ânimo leve para um projecto que poderia revelar-se sobredimensionado e custar caro aos cofres da autarquia. Foi então que na visita a Munchehagen o vereador constatou que era possível fazer–se um parque temático que excluísse a componente dos carrosséis e das montanhas russas, um projecto mais barato, mais científico e que fosse, no fim de contas, uma espécie de museu ao ar livre.


A ideia agradou aos donos da Dinosaurieir-Park, que vieram à Lourinhã e gostaram da proposta da autarquia em instalar o parque no pinhal dos Camarnais, na saída norte da vila.
“Eles têm um edifício central com uma zona museológica, administrativa e de restauração e um circuito exterior onde se podem ver réplicas à escala real dos seres existentes nos vários períodos geológicos”, diz Vital do Rosário, explicando que é precisamente isso que pretende fazer na Lourinhã.


Fig. 2 - Autarcas lourinhanenses e empresários alemães após firmarem um acordo de cooperação na Lourinhã.


METADE DO INVESTIMENTO ASSEGURADO

Inspirada no exemplo alemão, a autarquia realizou um concurso público para a construção e exploração do parque temático, ao qual concorreram cinco entidades, uma delas a própria Dinosaurieir-Park, que saiu vencedora.

Na Alemanha a empresa promotora é uma sociedade privada que começou por explorar pedreiras até que resolveu tirar partido da descoberta de achados arqueológicos numa da suas explorações e transformá-la num parque temático. Acabou por se especializar na área e forneceu know how e material para mais oito parques em vários países, três dos quais na Alemanha. O investimento de dez milhões de euros tem, à partida, cinco milhões assegurados pela empresa alemã, devendo o restante ser obtido através de uma candidatura a fundos comunitários. É neste pressuposto que se estima um número mínimo anual de 135 000 visitantes para manter o investimento no limiar da rentabilidade. A preços de 12 euros por entrada.

Caso não haja financiamento por parte do QREN, Vital do Rosário diz que há empresários indianos, belgas e portugueses interessados no projecto, mas nesse caso, este teria de sofrer um up-grade e incluir a componente recreativa fazendo do parque temático uma espécie de "disneylândia" dos dinossauros. O vereador está optimista e espera lançar o concurso para a construção do parque nos próximos meses, podendo o mesmo ser inaugurado na Páscoa de 2013. E não receia o patamar mínimo dos 135 mil habitantes anuais (uma média de 11 mil por mês), pois o de Munchehagen recebe 170 mil pessoas por ano e está fechado nos meses mais frios, enquanto o da Lourinhã estará aberto o ano inteiro.


LOURINHÃ É REFERÊNCIA MUNDIAL NA ÁREA DA PALEONTOLOGIA

Carlos Lobo, da consultora Ernst & Young (e ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais do governo de Sócrates), que dá apoio ao projecto, diz que “só Óbidos recebe dois milhões de visitantes por ano, o parque Oriental do Joe Berardo no Bombarral tem 500 mil e mesmo o museu da Lourinhã, que são duas assoalhadas, recebe 30 mil pessoas”, concluindo assim que não será difícil assegurar um fluxo contínuo de visitantes. De resto, há ainda Peniche com toda a dinâmica gerada pelo surf e pelas praias durante o verão, não sendo também displicente a relativa proximidade da Grande Lisboa.

Fig. 3 - O projecto prevê, tal como acontece na Alemanha, a colocação de réplicas à escala real e com grande realismo das espécies que existiram nos vários períodos geológicos. Esta componente será uma das mais apelativas do parque.

O paleontólogo do museu da Lourinhã, Octávio Mateus, sublinha o envolvimento da população do concelho na temática pela qual este quer ser conhecido. Por exemplo, o próprio museu dos dinossauros da Lourinhã emerge da sociedade civil. “Não é explorado pela Câmara, mas sim pelo GEAL (Grupo de Etnologia e Arqueologia da Lourinhã) e são as pessoas que nos fazem chegar grande parte dos achados que constituem o nosso acervo”, diz. O também professor universitário de Paleontologia não tem dúvidas que Portugal e a Lourinhã são especialmente ricos em vestígios de dinossauros, não só a nível europeu, como mundial. O parque temático será a cereja em cima do bolo para que a vila se destaque na rede mundial de localidades ligadas a essa temática.

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