24 outubro 2010

Caloira de Eng. Geológica distinguida em concurso europeu


Com um projecto original sobre estruturas geológicas misteriosas descobertas por eles no Sudoeste alentejano, alunos de Odemira conquistaram terceiro lugar na final.

Foi com "um mistério meio resolvido" sobre estruturas geológicas costeiras, como eles próprios dizem, que Inês Marques e Kristoffer de Sá Hog, da Escola Secundária de Odemira, conquistaram o terceiro lugar, no valor de 3500 euros, na Final Europeia para Jovens Cientistas, cuja 22ª edição terminou ontem, em Lisboa. O primeiro lugar foi ex aequo para participantes da Hungria, da Polónia e da República Checa.

 "Rochas do Sudoeste-os mistérios escritos na pedra", o projecto de Inês e Kristoffer, foi um dos 85 apresentados em Lisboa por jovens investigadores de 39 países e acabou por arrancar um dos aplausos mais entusiásticos da tarde no Pequeno Auditório do CCB, onde decorreu a entrega dos prémios. Como dizia Inês, ao DN, com um riso satisfeito, "é natural, somos portugueses".

Para os dois jovens tudo começou por uma saída de campo do Clube de Ciências da escola na costa entre a Zambujeira do Mar e o Carvalhal, no último ano lectivo. A certa altura, Inês e Kristoffer, e a professora Paula Canha, que acompanhou o projecto, depararam-se com umas pequenas esferas de arenito perfeitas e por isso mesmo intrigantes. Os dois jovens decidiram pegar no mistério e, ao longo do ano lectivo, desenvolveram a sua investigação. Recolheram amostras no terreno, analisaram-nas na escola e acabaram por fazer exames laboratoriais mais finos na Escola Superior Agrária de Beja, que os apoiou nesse trabalho. No final, conseguiram formular duas hipóteses para explicar a origem das estranhas esferas.

"Ou houve uma má distribuição do calcário naquela zona há milhões de anos, ou este calcário era de origem biológica e as esferas cresceram do centro da periferia", explicaram ao DN, repetindo as conclusões que explicaram ao júri durante a exposição dos trabalhos no Museu da Electricidade.

"O trabalho não está acabado, é preciso testar estas duas hipóteses ou pensar noutras", diz Kristoffer, notando que "a investigação vai prosseguir na escola com outros alunos". Com 18 anos e o 12º ano concluído, eles os dois já estão noutra etapa das suas vidas. Inês é caloira na Universidade Nova de Lisboa, no curso de Engenharia Geológica. Kristoffer está de partida para a Dinamarca, para mudar de ares e prosseguir estudos no país do seu pai. Mas ambos vão continuar ligados ao projecto, mesmo à distância. "Há e-mail e telemóvel", dizem com naturalidade. Quanto ao prémio, é um bom augúrio para o futuro.
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Fonte: Diário de Notícias