O especialista em geopolítica do petróleo José Caleia Rodrigues 
defende que Portugal devia posicionar-se como uma porta de entrada de 
petróleo na Europa.    
"Não somos periféricos. Somos uma entrada na Europa e devíamos 
assumir essa situação, entrando por Portugal petróleo e gás, de 
variadíssimas origens. Não nos cabe arranjar desculpas por não termos 
oleoduto até França", afirmou à Lusa José Caleia Rodrigues.
Em declarações à Lusa, o especialista em economia política 
internacional admite a possibilidade de uma crise petrolífera semelhante
 à de 1973, considerando "inevitável" que o consumo mundial de petróleo 
aumente, apesar da crise económica ter abrandado o consumo na Europa e 
nos EUA.
"É provável que haja outro sarilho. Outra crise petrolífera. É um 
golpe demasiado pesado, porque os EUA e a Europa Ocidental são 
completamente dependentes", declarou, considerando que "no espaço de 
seis ou sete meses, a China será o maior consumidor de energia do 
mundo".
Em relação à Europa, explicou, o abastecimento de petróleo "passa 
quase todo pela Alemanha", considerando que Portugal não tem um papel 
mais determinante "por questões políticas".
Caleia Rodrigues defendeu que "se Portugal fosse uma porta de entrada
 [de petróleo na Europa], o país teria um poder extra e podem duvidar 
que fosse bem exercido".
"Tecnicamente não há nenhum impedimento. Portugal tem uma posição 
privilegiada e um porto de águas profundas, em Sines, com caraterísticas
 únicas", acrescentou.
Autor de "A Geopolítica do Petróleo" e "Petróleo. Qual Crise?", 
Caleia Rodrigues explicou que "bastava fazer um oleoduto, de ligação a 
França, cujo custo é inferior ao de uma autoestrada" para Portugal se 
assumir como porta de entrada do 'ouro negro' no Velho Continente, com a
 vantagem de diversificar os mercados de origem e, assim, tornar a Europa menos vulnerável a problemas de abastecimento.
Em relação ao futuro, Caleia Rodrigues está convicto que "a produção 
vai ter que aumentar, porque o consumo vai continuar a aumentar", 
realçando que a quebra registada nos EUA "não compensa a crescente 
utilização da China".
"Ainda mal começou. Só uma fábrica chinesa produz, por ano, um milhão
 de automóveis, o que vai fazer disparar o consumo. Há cada vez mais 
dependência do petróleo: não nos mesmos sítios, mas em outras regiões", 
avançou.
O especialista alertou ainda para o aumento dos custos de extração e 
de refinação do petróleo, considerando que a tendência de longo prazo é 
de subida do preço.
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