10 maio 2013

Portugal e Espanha querem candidatar Tejo Internacional a reserva da UNESCO



A província de Cáceres e os municípios portugueses abrangidos pelo Parque Natural do Tejo Internacional pretendem candidatar esta área protegida à Reserva Mundial da Biosfera da UNESCO, anunciou nesta quinta-feira em Lisboa o presidente daquela região espanhola.
O anúncio foi feito durante uma sessão de apresentação do destino turístico Tejo-Tajo Internacional, que engloba as regiões de Cáceres, Beira Interior e Alto Alentejo, declarado parque natural em Portugal e Espanha.

O presidente da província de Cáceres, Laureano León Rodríguez, apelou à união entre Portugal e Espanha para que apresentem uma candidatura conjunta para a declaração de Reserva da Biosfera da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). Já no ano passado, o então responsável pelo Parque Natural do Tejo Internacional, Armando Carvalho, tinha dito que a candidatura estava em preparação.
Tal reconhecimento permitiria “uma maior promoção e difusão” daquela área protegida, disse o governante espanhol, afirmando que o processo decorrerá entre as autoridades locais – província de Cáceres e municípios portugueses.



Gestão conjunta

A apresentação do parque natural, em Lisboa, ocorreu no mesmo dia em que foi publicado em Diário da República decreto de aprovação do acordo de cooperação entre Portugal e Espanha relativo à constituição do Parque Internacional Tejo-Tajo, assinado há um ano na cimeira ibérica que decorreu no Porto. Este parque é constituído pelas áreas correspondentes aos parques naturais do Tejo Internacional nos dois países.

“A partir de agora podemos trabalhar de forma conjunta para que este Parque Natural crie em todos os municípios um leque de possibilidades e atractivos que o convertam num grande destino turístico”, sublinhou Laureano León Rodríguez.

O espaço ocupa uma área de 25 mil hectares, com o ecossistema dominado pelo rio e onde se podem encontrar espécies em vias de extinção como a água imperial ou a cegonha negra.
O parque contém ainda elementos pré-históricos, como dólmenes, e património como a ponte romana de Alcántara, construída no século II a.C para assegurar a passagem durante a civilização romana.

A área “tem uma grande riqueza de recursos naturais em excelentes condições, com uma escassa intervenção do homem”, afirmou, durante a apresentação, a directora-geral de Turismo do Governo da Extremadura, Elisa Cruz.

A nível turístico, o parque tem apostado nos “produtos diferenciadores para garantir uma identidade à região”, disponibilizando 27 experiências aos visitantes, como a possibilidade de navegar no rio, de percorrer a rota do contrabando do café ou um roteiro sobre a lenda da Ordem de Alcántara.

“Os viajantes de hoje não querem apenas ir a um sítio, mas experimentar e conhecer o local”, defendeu a responsável, adiantando que actualmente o Turismo da Extremadura está a destacar o turismo gastronómico, realçando as cozinhas local, transfronteiriça e conventual.

O dirigente da Quercus Samuel Infante alerta, por sua vez, para os riscos desta aposta. “O turismo pode ser um vector de favorecimento da zona, mas não podemos matar a galinha dos ovos de ouro”, referiu, lamentando as discrepâncias existentes na gestão do parque entre Portugal e Espanha.

Do lado espanhol, o orçamento “deve ser cem vezes superior” ao do Instituto para a Conservação da Natureza e Florestas, disse, acrescentando que “há muitos anos que Espanha percebeu que os parques naturais e as áreas protegidas são um factor de desenvolvimento”.

Em Espanha, “há sinalética, há percursos, há investimento na fiscalização, há projectos de desenvolvimento, há apoios comunitários”, enumerou, exemplificando que do lado português há apenas dois vigilantes, não há barco para a fiscalização e há poucas infraestruturas, como um centro de interpretação, “muito bem equipado, que está fechado aos fins de semana”.

Apesar de estar prevista a presença da presidente do Instituto para a Conservação da Natureza e Florestas, este organismo português fez-se representar por uma vogal do conselho directivo, devido a questões de agenda, disse à Lusa fonte do instituto.

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