A
província de Cáceres e os municípios portugueses abrangidos pelo Parque Natural
do Tejo Internacional pretendem candidatar esta área protegida à Reserva
Mundial da Biosfera da UNESCO, anunciou nesta quinta-feira em Lisboa o
presidente daquela região espanhola.
O
anúncio foi feito durante uma sessão de apresentação do destino turístico
Tejo-Tajo Internacional, que engloba as regiões de Cáceres, Beira Interior e
Alto Alentejo, declarado parque natural em Portugal e Espanha.
O
presidente da província de Cáceres, Laureano León Rodríguez, apelou à união
entre Portugal e Espanha para que apresentem uma candidatura conjunta para a
declaração de Reserva da Biosfera da UNESCO (Organização das Nações Unidas para
a Educação, Ciência e Cultura). Já no ano passado, o então responsável pelo
Parque Natural do Tejo Internacional, Armando Carvalho, tinha dito que a
candidatura estava em preparação.
Tal
reconhecimento permitiria “uma maior promoção e difusão” daquela área
protegida, disse o governante espanhol, afirmando que o processo decorrerá
entre as autoridades locais – província de Cáceres e municípios portugueses.
Gestão
conjunta
A
apresentação do parque natural, em Lisboa, ocorreu no mesmo dia em que foi
publicado em Diário da República decreto de aprovação do acordo de cooperação
entre Portugal e Espanha relativo à constituição do Parque Internacional
Tejo-Tajo, assinado há um ano na cimeira ibérica que decorreu no Porto. Este
parque é constituído pelas áreas correspondentes aos parques naturais do Tejo
Internacional nos dois países.
“A
partir de agora podemos trabalhar de forma conjunta para que este Parque
Natural crie em todos os municípios um leque de possibilidades e atractivos que
o convertam num grande destino turístico”, sublinhou Laureano León Rodríguez.
O
espaço ocupa uma área de 25 mil hectares, com o ecossistema dominado pelo rio e
onde se podem encontrar espécies em vias de extinção como a água imperial ou a
cegonha negra.
O
parque contém ainda elementos pré-históricos, como dólmenes, e património como
a ponte romana de Alcántara, construída no século II a.C para assegurar a
passagem durante a civilização romana.
A
área “tem uma grande riqueza de recursos naturais em excelentes condições, com
uma escassa intervenção do homem”, afirmou, durante a apresentação, a
directora-geral de Turismo do Governo da Extremadura, Elisa Cruz.
A
nível turístico, o parque tem apostado nos “produtos diferenciadores para
garantir uma identidade à região”, disponibilizando 27 experiências aos
visitantes, como a possibilidade de navegar no rio, de percorrer a rota do
contrabando do café ou um roteiro sobre a lenda da Ordem de Alcántara.
“Os
viajantes de hoje não querem apenas ir a um sítio, mas experimentar e conhecer
o local”, defendeu a responsável, adiantando que actualmente o Turismo da
Extremadura está a destacar o turismo gastronómico, realçando as cozinhas
local, transfronteiriça e conventual.
O
dirigente da Quercus Samuel Infante alerta, por sua vez, para os riscos desta
aposta. “O turismo pode ser um vector de favorecimento da zona, mas não podemos
matar a galinha dos ovos de ouro”, referiu, lamentando as discrepâncias
existentes na gestão do parque entre Portugal e Espanha.
Do
lado espanhol, o orçamento “deve ser cem vezes superior” ao do Instituto para a
Conservação da Natureza e Florestas, disse, acrescentando que “há muitos anos
que Espanha percebeu que os parques naturais e as áreas protegidas são um
factor de desenvolvimento”.
Em
Espanha, “há sinalética, há percursos, há investimento na fiscalização, há
projectos de desenvolvimento, há apoios comunitários”, enumerou, exemplificando
que do lado português há apenas dois vigilantes, não há barco para a
fiscalização e há poucas infraestruturas, como um centro de interpretação,
“muito bem equipado, que está fechado aos fins de semana”.
Apesar
de estar prevista a presença da presidente do Instituto para a Conservação da
Natureza e Florestas, este organismo português fez-se representar por uma vogal
do conselho directivo, devido a questões de agenda, disse à Lusa fonte do
instituto.
Fonte: http://www.publico.pt
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