A mineração submarina volta a estar na ordem do dia em Portugal com a intenção da Ministra do Mar em impulsionar esta atividade. De facto, a empresa canadiana Nautilus entregou em 2008 um pedido de prospeção e pesquisa de minerais em seis pontos do Mar dos Açores, o qual caducou entretanto face à regulamentação que institui o Parque Marinho dos Açores. Contudo, esta empresa continua interessada neste projeto e decorrem negociações com o Governo português sobre este assunto.
Recorde-se que a Nautilus tem vindo a desenvolver um projeto na Papua Nova Guiné (Solwara 1) que consiste na exploração submarina de nódulos polimetálicos de sulfuretos de cobre, ferro e prata (a 1.600 metros de profundidade), com concentrações de cobre de cerca de 8%. Este projeto tem sofrido atrasos, mas pensa-se que irá arrancar em 2018,pese embora a forte contestação que o afeta. A Nautilus recebeu já a maquinaria que irá ser colocada no fundo do mar e irá receber em breve o navio de apoio às atividades de mineração.
O mar português contém, tanto quanto se sabe, dentro dos limites da plataforma continental, diversos minerais de interesse: nódulos polimetálicos ricos em manganês, níquel e cobalto; crostas de ferro-manganês ricas em cobalto e níquel; campos hidrotermais contendo cobre, zinco, chumbo, ouro e prata; hidratos de metano. Resta saber se as concentrações destes elementos químicos e a profundidade a que se localizam justificarão economicamente a sua exploração.
Por outro lado, os impactes ambientais desta atividade nos fundos marinhos, nos ecossistemas aí existentes e nos recursos pesqueiros, necessitam de ser avaliados com o necessário rigor. Encontra-se já em curso nos Açores um projeto europeu denominado Midas, cujo objetivo é determinar como é que os corais (base dos ecossistemas) respondem a determinadas alterações físicas e químicas do seu habitat, nomeadamente ao ferimento dos corais e à sua intoxicação com fortes concentrações de cobre. Os resultados poderão ajudar no desenvolvimento das futuras normas que vão regular a atividade mineira em alto mar, limitando o seu impacto ambiental. Ainda recentemente análises aos golfinhos na costa portuguesa indicaram elevados níveis de contaminação com mercúrio, e isto não obstante ainda não se realizar mineração submarina nas nossas costas. Assim, uma atividade desta natureza deverá ser estudada atentamente antes de qualquer decisão e pesadas as vantagens económicas versus os potenciais riscos, sobre os quais se poderá encontrar mais alguma informação, por exemplo, junto da página da GreenPeace.
Original de: Revista Ingenium, nº 155, Setembro/Outubro 2016 (consultar aqui)
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