Decorreu no passado mês de Junho uma Sondagem Paleontológica de Diagnóstico, com carácter de emergência, que visou a detecção e salvamento de restos osteológicos de uma baleia fóssil, no Miocénico de Lisboa.
Os restos fósseis encontrados correspondem a dois sectores mandibulares de um mesmo indivíduo, não estando em ambas preservada a terminação posterior, que incluiria os processos coronóides e angulares. Parte da mandíbula foi fracturada durante o processo de abertura da vala no âmbito deste projecto, ainda que os maiores danos tenham sido causados pela vala para implantação de condutas de gás, já existente. O apreciável estado de conservação, bem com um posicionamento próximo da posição de vida (apenas com ligeiro deslocamento lateral das terminações anteriores bem como uma ligeira vergência para o lado direito) permitiu considerar a hipótese de encontrar mais restos desta baleia fóssil, nomeadamente cranianos. Restos posicionados posteriormente a estas mandíbulas (e.g. vértebras cervicais e dorsais), se preservados, terão provavelmente sido removidos e danificados durante a abertura da vala de colocação de gás.
Procederam-se aos trabalhos de escavação e remoção das mandíbulas, e localização de possíveis novos restos, pesquisa que não obteve sucesso. Numa primeira análise, é possível concluir que se está na presença de uma baleia pertencente à subordem Mysticeti, sendo contudo difícil de determinar a sua família (famílias prováveis: Cetotheriidae, Balaenidae, Balaenopteridae).
Do ponto de vista estratigráfico, os sedimentos que continham estes restos osteológicos correspondem à transição entre o Miocénico médio a superior, mais precisamente aos Calcários de Marvila, com idades atribuídas ao Serrevaliano superior/Tortoniano Inferior (entre 13.65 e 11.60 Milhões de anos). A sua riqueza em cetáceos fósseis encontra-se já documentada pelos diversos restos fósseis, incluindo diversos crânios parcialmente completos, existentes no Museu Geológico do LNEG.
Texto adaptado de: ALT - SOCIEDADE DE HISTÓRIA NATURAL
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