20 novembro 2011

Lítio em Portugal - PARTE IV

Num estudo recentemente realizado pelo do U.S. Geological Survey, Portugal é apontado como o maior produtor de lítio na Europa, numa tabela mundial liderada pelo Chile e pela Austrália. Portugal dispõe actualmente de cerca de 2 milhões de toneladas de reservas de minério de lítio, podendo estas vir a atingir os 12 milhões de toneladas. Esta abundância é suficiente para aproximadamente 70 anos de exploração mineira, apresentando a vantagem de as ocorrências de lítio estarem entre os 20-30 m de profundidade, não sendo necessária a abertura de minas subterrâneas.

A produção de lítio está concentrada nas regiões de Guarda, Viseu, Vila Real e Viana do Castelo, tendo vindo a aumentar, assim como os pedidos de prospecção deste metal. Os dados da DGGE indicam que, entre 2005 e 2007, se registou uma subida de 33% na exploração de pegmatitos litiníferos, para um total de 34 755 toneladas, avaliadas em cerca de meio milhão de euros.

No entanto, em Portugal apenas se produz concentrado de lítio, ou seja, não se acrescenta mais valor ao seu produto, sendo necessário vender os concentrados minerais em bruto para fundições estrangeiras.








EXPLORAÇÃO VS. CONSERVAÇÃO

Em Portugal, os pegmatitos são maioritariamente explorados a céu aberto, sendo a exploração principalmente condicionada pela morfologia dos diques/soleiras pegmatíticos.
Já vários estudos demonstraram o enorme potencial das reservas geológicas de pegmatitos litiníferos em Portugal, no entanto, o sucessivo encerramento de explorações por todo o país promove uma contínua aposta no sector das importações e uma clara subvalorização do potencial mineiro nacional.

No entanto, apesar das claras vantagens económicas, a abertura de novas explorações está bastante condicionada por factores ambientais e legais. Grande parte dos depósitos pegmatíticos nacionais encontra-se inserida tanto na REN como na Rede Natura 2000. A primeira encerra um conjunto de áreas que visam a protecção dos ecossistemas, áreas fluviais e costeiras, zonas de máxima infiltração ou locais de risco geotécnico, enquanto a segunda protege essencialmente a natureza e biodiversidade. A Rede Natura 2000 cobre cerca de 21% do território nacional, cobrindo a REN ainda maior área (tendo em conta que os seus limites dependem das políticas individuais de cada município).

Assim, o facto de a maior parte dos depósitos pegmatíticos estar incluída nestas áreas de restrição implica um confronto directo com a necessidade de fazer escolhas: investir na exploração de recursos minerais raros ou investir na protecção ambiental.

A ausência de estudos geológicos precisos e de planeamento em relação ao uso do solo poderá vir a gerar conflitos graves, que poderão levar ao abandono de tão valiosos recursos minerais, o que, num país de pequenas dimensões como Portugal, e com os seus problemas económicos evidentes, poderá comprometer de forma muito séria as gerações futuras.


Os processos industriais mais importantes que utilizam lítio trazem, além de uma redução de custos e aumento de produtividade, claras vantagens em termos ambientais, reduzindo, nomeadamente, as emissões de carbono e flúor.

Torna-se, assim, urgente a análise do balanço entre as vantagens e desvantagens da exploração deste metal em estudos sérios e objectivos, mas para já, enquanto não existem estudos desse calibre, parecem mais do que óbvias as inúmeras vantagens que a aplicação deste metal acarreta.

Assim, é fulcral que num país como Portugal se invista no futuro de forma ponderada, sendo a exploração dos recursos geológicos nacionais um excelente ponto de partida.

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Adaptado de:  
Ricardo Manuel (2011), Pegmatitos em Portugal - a importância das fontes de lítio, Rochas Industriais e Ornamentais, Departamento de Ciências da Terra, Faculdade de Ciências e Tecnologias, Universidade Nova de Lisboa.

1 comentário:

Ricardo Santos disse...

Parabéns pelas publicações. Achei interessantíssimo este tema. Dá uma vontade tremenda de explorar o potencial que aqui existe...mas como, quando falamos de investimentos tão avultados e vedados a pequenos médio investidores???