13 fevereiro 2012

Dunas de Titã

Investigadores têm como objectivo compreender o ciclo do metano/etano (comparado ao ciclo da água Terrestre) e, uma análise recente aos dados recolhidos pela nave Cassini, dá novas pistas sobre a história climática e geológica de Titã (a maior Lua de Saturno). Os dados mostram variações regionais nas dunas de areia daquele que é o maior satélite natural de Saturno.


Os campos dunares são quase tão comuns em Titã como as planícies aparentemente uniformes que existem em grande parte da superfície, estes cobrem 13 % do satélite ao longo de dez milhões de quilómetros quadrados. Apesar de semelhantes na forma às dunas encontradas nos desertos da Namíbia ou Arábia, as dunas de Titã são gigantes para os padrões terrestres, possuindo entre um e dois quilómetros de largura, centenas de quilómetros de comprimento e cem metros de altura.

O tamanho e distribuição das dunas no espaço variam ao longo da superfície. A areia não é composta por silicatos, como na Terra, mas sim de hidrocarbonetos sólidos que se precipitam fora da atmosfera. Seguidamente, agregam-se em grãos de tamanho milimétrico, através de um processo ainda desconhecido.

Usando dados de radar da nave Cassini das agências NASA–ESA–ASI, a equipa de Alice Le Gall, do LATMOS-UVSQ (Paris) e da NASA–JPL (Califórnia) descobriram que o tamanho das dunas de Titã é controlado por, pelo menos, dois factores:

  • Altitude Os principais campos dunares em Titã são encontrados nas zonas baixas. As dunas nas partes mais altas tendem a ser mais estreitas e mais afastadas e o espaço entre elas aparece em tom mais brilhante no radar da Cassini, o que indica que existe uma fina camada de areia. O que significa que há pouca areia disponível nos sítios mais elevados e mais nas regiões baixas.
  • Latitude - As dunas estão confinadas à região equatorial, entre os 30°S e os 30°N. No entanto, tendem a tornar-se mais estreitas e espaçadas nas latitudes mais a Norte. Le Gall acredita que isto deve-se à órbita elíptica de Saturno.

Dados de radar recolhidos pela nave Cassini.

Titã gira à vota de Saturno, por isso, as estações são controladas pelo percurso do planeta à volta do Sol. Como Saturno demora 30 anos a completar uma órbita, cada estação em Titã dura um pouco mais de sete anos. A natureza ligeiramente elíptica da órbita de Saturno determina que o hemisfério Sul tem Verões mais curtos e mais intensos. O resultado disso é uma reduzida humidade do solo na região austral, devida aos vapores de etano e de metano. De maneira a que, quanto mais secos os grãos de areia, maior a facilidade de se fazerem transportar pelo vento, originando as dunas. Portanto, à medida que se dirige para Norte, provavelmente a humidade do solo aumenta, diminuindo assim a capacidade de transporte das partículas e, consequentemente, dificultando a formação de dunas.


Órbita de Titã em relação a Saturno.

Entender a formação, a forma, o tamanho e distribuição das dunas de Titã tem grande importância para a compreensão do seu clima e geologia. Como as dunas são feitas de hidrocarbonetos atmosféricos, poderão fornecer importantes pistas para o entendimento, ainda sem ser conhecido, do ciclo do metano/etano em Titã, que é comparável em muitos aspectos ao ciclo da água na Terra.


Fonte/Source:
CiênciaHoje: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=52748&op=all

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