03 junho 2012

O maior investimento estrangeiro em Portugal pode nascer nas minas de Moncorvo


   Foi o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, que no final de Outubro do ano passado referiu que estava a ser negociado um projecto de investimento estrangeiro que seria o maior alguma vez realizado em Portugal. Poucos dias depois, ficou a saber-se que a negociação envolvia a exploração de ferro nas minas de Moncorvo e multinacional Anglo-Australiana "Rio Tinto", uma das três maiores mineiras a nível mundial que está presente em mais de 20 países.

Amostra das minas de ferro de Moncorvo.

   Actualmente, o essencial das negociações entre o Governo e a "Rio Tinto" está concluída. A assinatura do contrato está prevista para a semana entre 11 e 15 de Junho de 2012, e assumirá a forma de "concessão experimental", ou seja, uma fase intermédia até ao contrato de exploração final.

   A "concessão experimental" visa aprofundar o conhecimento do jazigo, que se admite ser um dos maiores da Europa, mas também adiar as licenças e os estudos finais de impacte ambiental, para uma fase mais tardia em que há certezas do investimento ser viável. Assim, esta concessão intermédia permite diminuir o risco do investimento que, tendo como referência outras explorações semelhantes a nível mundial, poderá ultrapassar os mil milhões de euros.

   O grosso do investimento só será feito na fase da concessão definitiva, o que deverá acontecer no prazo de cinco a oito anos. Durante a primeira fase já haverá algum investimento, dado que será feita uma grande movimentação de materiais, a pré-concentração do minério à boca da mina e o seu transporte para tratamento definitiva. 

   Os estudos recentes sobre a qualidade do minério "são bastante animadores, apontando para uma mina de classe mundial". Animador é também a evolução da cotação de ferro nos mercados internacionais, que continua em alta. A impulsionar a exploração está ainda a elevada dependência da Europa em relação a esta matéria-prima, superando os 90%, o que deixa várias indústrias Europeias, incluindo a automóvel, na mão de fornecedores internacionais.


Dificuldades de Escoamento 

   As negociações arrastam-se há mais de meio ano, por diversas questões, entre as quais os prazos de exploração experimental e o transporte do minério, que envolve quantidades elevadas, sendo uma componente importante para a rentabilização da exploração. 

   Na questão do transporte, uma das soluções equacionadas, e que está referenciada na página de Internet da MTI (empresa de capitais portugueses e estrangeiros que detém a concessão de prospecção e pesquisa das minas de ferro de Moncorvo), é o transporte fluvial através do rio Douro. Esta solução poderá estar afastada, pelo menos numa fase inicial, devido a limitações de navegabilidade do rio, que actualmente não comporta barcos com grande capacidade de carga.

   Equacionada e também referida no site da empresa tem sido a construção de um mineroduto (canal de transporte de minério como existe para o gás ou para combustíveis), uma solução utilizada em vários países do mundo. Esta infra-estrutura, que poderia aproveitar parte da rede de auto-estradas, ligaria Moncorvo directamente ao Porto de Aveiro, com capacidade de atracagem de grandes navios de carga se forem realizados investimentos para o desassoreamento do Porto. De acordo com a informação da MTI, esta seria uma solução mais económica, permitindo elevada capacidade de escoamento. 

   Para já, a solução que poderá garantir o escoamento de minério na fase de exploração experimental será a ferroviária, o que implicará a construção de um troço na antiga linha ferroviária do Sabor, entre Moncorvo e Pocinho, utilizando depois a já existente no Douro até ao Porto de Leixões ou até ao Porto de Aveiro. O Porto de Leixões tem condições de profundidade para a atracagem de grandes navios de carga, mas apresenta algumas limitações de capacidade, numa altura em que o alargamento do Canal do Panamá faz aumentar a navegação desse tipo de barcos no porto nortenho.

    Uma das soluções discutidas no passado para o escoamento de mercadorias do Nordeste para Lisboa/Sines, mas também para Espanha, passava pela construção de uma ligação ferroviária do Pocinho a Vila Franca das Naves, permitindo a ligação à linha ferroviária da Beira Alta.

   Durante as negociações entre a Rio Tinto e o Governo, terá sido equacionada a possibilidade de escoamento do minério via Espanha, solução que terá desagradado ao Ministério da Economia. 


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Adaptado de:
http://economia.publico.pt/Noticia/o-maior-investimento-estrangeiro-de-sempre-em-portugal-pode-nascer-nas-minas-de-moncorvo-1548689 

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