«Boas notícias para os geocientistas do futuro: as oportunidades de trabalho estão a crescer em todas as fases de carreira». É com estas palavras que se inicia um artigo da revista Nature sobre as perspectivas futuras de emprego em relação às ciências da Terra.
Quando se fala em Geologia, o pensamento parte imediatamente para uma qualquer região remota e para um grupo de pessoas sujas a martelar em rochas ao acaso. Esta visão não podia hoje estar mais longe da realidade, não só pelo exagero, como pela variedade de opções de trabalho dentro das ciências da Terra. Hoje, há oportunidades quer para os que adoram o trabalho de campo e não se importam de sujar as mãos, quer para aqueles que preferem utilizar a tecnologia de ponta na segurança e conforto dos seus gabinetes.
As ciências da Terra sempre se ocuparam do estudo da composição e estrutura interna do planeta, aspectos físicos destes materiais, do modo de como estes se relacionam espacial e cronologicamente. São, ainda, uma ajuda fundamental em termos de preservação ambiental, no entanto, existem campos vastos por estudar e dos quais pouco se sabe: química da atmosfera, oceanografia e formação de minerais a grandes profundidades.
Não é , pois, apenas de Geólogos «puros» que as Geociências modernas
subsistem: analistas, modeladores matemáticos e informáticos, físicos,
praticamente todos os tipos de investigação podem ajudar.
As grandes áreas de intervenção das Geociências, em especial da Engenharia
Geológica, estão relacionadas com a Engenharia Civil e obras públicas e a
pesquisa e exploração de recursos naturais.A relação como os serviços de preservação ambientais é essencial, assim como a relação com assessoria em companhias de seguros (avaliação de riscos geológicos e geotécnicos).
O MUNDO É PEQUENO
As três regiões com maior procura de especialistas em Ciências da Terra (EUA, China e Europa+Rússia) não conseguem preencher as vagas oferecidas, daí que os geocientistas do futuro terão de ter sempre em conta a Aldeia Global em que hoje se vive. Contando ainda com os países cujas economias têm crescido nos últimos tempos (Índia, Brasil, etc.), a oferta de emprego mundial irá certamente ultrapassar a procura. O futuro é global e a necessidade de falar outras línguas, mais do que uma capacidade, será uma obrigatoriedade para quem quiser ter sucesso.
Apesar do mal-estar geral da economia global dos últimos anos, as perspectivas para as Geociências são excelentes e têm tendência a crescer no futuro. De
acordo com o US Bureau of Labor Statistics (BLS; www.bls.gov) em 2018, e
apenas nos Estados Unidos, irão estar disponíveis cerca de 323000
cargos relacionados directamente com as Geociências.
Até hoje, a maioria dos cientistas da área, emigra para a América do Norte e Europa Ocidental em busca dos melhores salários, criando vazios nos países de origem. Assim, criam-se oportunidades únicas que, embora possam decorrer sob condições de trabalho árduas, em regiões difíceis e politicamente instáveis, não deixam de ser locais para se adquirir experiência. A quem estiver disposto a mexer-se não irá faltar trabalho.
PROCURA EM CRESCIMENTO
Apesar da crescente tentativa de mudança de atitude de muitos países face ao ambiente, isto é, da tentativa de utilização de fontes de energia renováveis, o crescimento económico continuará a pedir combustíveis fósseis e indivíduos capazes de os encontrar e explorar de forma rentável. Estima-se que em 2030 a indústria petrolífera terá, pelo menos, 13000 lugares por preencher.
Mesmo o crescente número de países que querem diminuir sensivelmente a utilização dos combustíveis fósseis irá necessitar de pessoal com formação em Geociências, quer para a procura e exploração de recursos alternativos (minerais utilizados em tecnologia de ponta), quer para a própria produção de energias alternativas.
A maioria dos Geocientistas hoje em funções, tiveram formação numa área muito específica, no entanto, o futuro requer um perfil diferente: capacidade de relacionar diferentes disciplinas, quer das Ciências da Terra, Matemática, Física, Química, Biologia, Informática, Economia, Gestão, etc.
Conhecimentos de estatística e computação serão essenciais para a modelação dos diferentes sistemas terrestres, permitindo uma melhor compressão dos fenómenos que se pretendem estudar. A matemática será essencial, mas o conhecimento dos fenómenos físicos e químicos dominantes será ainda mais importantes para uma correcta interpretação dos dados provenientes das simulações.
O domínio da informática será, também, chave para o futuro. A sua importância será preponderante na análise de dados, cartografia digital, detecção remota e trabalhos com GPS. Conhecimentos nesta área serão essenciais para o desenvolvimento de novas técnicas de estudo, de novos instrumentos ou equipamento para recolha de dados.
O futuro das Geociências apresenta-se bastante animador, no entanto, como futuro que é, embora pareça sempre distante, caminha assustadoramente para cima de nós a velocidade de ponta. Desta corrida desenfreada, no entanto, sairão vencedores os que tiverem a capacidade de se adaptar às novas condições dominantes. E o futuro não é amanhã ou depois. O futuro é já.
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ADAPTADO DE: Revista Nature, 12 Maio 2011
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