31 outubro 2013

Software único no mundo calcula a perigosidade e o risco sísmico

Chama-se OpenQuake o Software único no mundo, que permite determinar o risco sísmico e prever perdas humanas e económicas resultantes de um terramoto que ocorra em qualquer parte da Terra.
Esta aplicação foi desenvolvida por um conjunto de universidades e centros de investigação de vários países, incluindo o investigador Vítor Silva, do Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro (UA), no âmbito do projecto internacional Global Eartquake Model. O OpenQuake é resultado da parceria público-privada iniciada em 2006 pelo Fórum Global de Ciência da OCDE, que através do projecto internacional Global Eartquake Model juntou instituições internacionais no desenvolvimento de bases de dados e ferramentas de avaliação do risco sísmico em todo o mundo.


O Software já foi usado em parceria com o United States Geological Survey (instituição que estuda a topografia da Terra, os recursos energéticos e os desastres naturais), para estimar as perdas humanas anuais para cada país do mundo. A aplicação está também a ser utilizada pelo PRISE (projecto nacional financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia - FCT), com o objectivo de calcular as potenciais perdas materiais e humanas em edifícios em Portugal.
"Quando este projecto terminar daqui a um ano, caso ocorra um sismo em qualquer parte do país será possível, numa questão de minutos, estimar quais as zonas do território mais atingidas e que, consequentemente merecem especial atenção e meios de apoio", antecipa Vítor Silva.


Ferramenta de Prevenção

Para efectuar as previsões, são necessários dados sobre as placas tectónicas e falhas geológicas da área geográfica que se pretende analisar, assim como a localização, valor e número de ocupantes dos edifícios aí situados, informações sobre a qualidade da construção e estado de conservação dos imóveis na zona em investigação.
As previsões obtidas deste simulador, permitem indicar aos governos, cientistas e à população qual a vulnerabilidade sísmica de uma dada região e a urgência ou não de serem tomadas medidas de prevenção de forma a minimizar o número de mortes e os prejuízos económicos resultantes de um terramoto.
A determinação do risco sísmico pelo OpenQuake "depende principalmente das componentes perigosidade sísmica, exposição e vulnerabilidade", explica Vítor Silva. A vulnerabilidade "assume particular importância, na medida em que uma eventual intervenção ao nível do reforço estrutural dos edifícios e infra-estruturas pode ter influência directa na redução do risco sísmico associado".

"O OpenQuake é uma plataforma de acesso livre para o cálculo da perigosidade e do risco sísmico", afirma o investigador, "permite calcular a distribuição das perdas e danos para um cenário específico da acção sísmica, ou das perdas acumuladas de todos os eventos sísmicos que podem ocorrer numa determinada região num dado período de tempo".

Programa Demonstrativo: http://www.globalquakemodel.org
Modo de Instalação: http://www.globalquakemodel.org


Simulação em Portugal

Mapa de perdas económicas obtido do OpenQuake de Portugal Continental

Para o estudo do comportamento dos edifícios portugueses em cenários sísmicos foram recolhidos por Vítor Silva, dados sobre as construções dos últimos cem anos, acerca dos materiais, técnicas de construção usadas e o valor patrimonial. No OpenQuake juntou-se ainda o número actual de ocupantes de cada edifício (Censo 2011) e os registos das falhas tectónicas capazes de influenciar o território nacional.
O resultado obtido através de mapas permite ver, ao nível das freguesias, as perdas esperadas, onde as regiões que apresentam maior risco sísmico estão à volta do Vale do Tejo (mais precisamente as zonas de Lisboa, Santarém e Setúbal) e no Algarve (na região mais a Oeste).
Um sismo com a mesma magnitude (8 na Escala de Richter) e com epicentro no local que desencadeou o Terramoto de Lisboa de 1755, provocaria hoje mais de 10 mil mortes e uma perda de 30% do PIB nacional.
Vítor Silva alerta que "um grande sismo irá acontecer mais cedo ou mais tarde em Portugal e o cenário para Lisboa e Algarve será bastante desastroso".

Adaptado de:
http://expresso.sapo.pt

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