09 dezembro 2016

Lítio atrai multinacionais australianas

Pegmatito lepidolítico em Gonçalo, Guarda 
(Fonte: xmbl.wordpress.com)
Portugal está definitivamente no mapa-mundo do interesse pelo lítio, em grande parte impulsionado pela procura crescente daquela matéria-prima para a produção de baterias para carros eléctricos. Duas empresas mineiras australianas - a Dakota Minerals (site) e a Slipstream Resources (site) - estão neste momento a passar o território nacional a pente fino para avaliar o potencial do lítio em Portugal.

Segundo o Expresso, uma delas já tem uma parceria com a Felmica (site), o maior produtor de lítio em Portugal - que pode resultar num investimento de 150 milhões de euros, repartido pelo aumento das áreas exploradas e pela construção de uma unidade industrial para transformação do concentrado mineral em carbonato de lítio.

 Carolina Mota, administradora da Felmica, admite que este investimento se possa tornar realidade nos próximos cinco anos, sendo que o mais lógico seria construir a nova fábrica junta às instalações que a Felmica já detém em Mangualde.

A mesma responsável - que prefere não divulgar mais pormenores da empresa australiana com a qual está a trabalhar - refere que "mesmo que a fábrica de baterias que a Tesla Motors pretende ter na Europa não venha para Portugal, o valor acrescentado que fica no país, com oinvestimento que estamos a avaliar, será importantíssimo."

Portugal no top 6 mundial
De acordo com dados da USGS (Mineral Commodity Summaries 2016 - Lithium), Portugal continua a ser o 6º produtor mundial de lítio (5º no que se refere às reservas). A questão, que já não é nova, é que, em Portugal, o processo produtivo termina no concentrado de lítio, que tem sido encaminhado como fundente para a indústria cerâmica. Com a construção de uma nova unidade industrial em conjunto com o potencial parceiro australiano, a Felmica poderá passar a produzir carbonato de lítio com 99% de Li. É, pois, com base neste produto de valor acrescentado que se chega às baterias eléctricas recarregáveis que abundam hoje em dia. 

A nova gasolina
Uma nota divulgada  pelo banco Goldman Sachs no início deste ano refere-se ao lítio como "a nova gasolina". O argumento era sustentado num dado muito simples: no espaço de dois meses, o preço da tonelada de carbonato de lítio duplicou para 14 mil dólares (dados do Citigroup), valor a que tem sido transacionado ao longo deste ano, mas com tendência para subir.
Para que se tenha uma ideia mais aproximada sobre a natureza da procura, bastará referir que, de acordo com o Citigroup, em 2015 foram consumidas 15 mil toneladas de lítio apenas na produção de carros eléctricos; prevê-se que em 2025, este valor ascenda para as 136 mil toneladas.

Se pretender reorientar a actual exploração de lítio, a Felmica terá de ir buscar o minério a 100m de profundidade - actualmente a exploração não ultrapassa os 30m. Carolina Mota explica que "esta é a profundidade necessária para conseguir obter a matéria-prima utilizada para a indústria cerâmica. Para a indústria automóvel terá de se investir na exploração, mas esta será sempre a céu-aberto".

Ver outras publicações ENGEO web:
Lítio - o metal do futuro
Lítio - exploração em Portugal
Lítio em Portugal - Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV


_______________________________________
Notícia adaptada do original de V.Andrade (Expresso, 3 Dezembro 2016)

Sem comentários: