25 janeiro 2011

O novo dinossauro de Torres Vedras (e outros dinossauros da Ibéria)

Uma primeira aproximação a um novo tipo de ornitópode Camptosaurídeo do Jurássico Superior, de Torres Vedras (Bacia Lusitaniana, Portugal), e as suas relações de parentesco com os membros desta linhagem da América do Norte foi apresentada durante a reunião científica – «70th Annual Meeting Society of Vertebrate Paleontology» – que decorreu na instalações da sociedade, em Pittsburgh (Pensilvânia, Estados Unidos). Os recentes dados serão publicados no blog da ALT-Sociedade de História Natural.



A atribuição contemplou o espécime da colecção de referência da ALT-Sociedade de História Natural (ALTSHN.0015) – Camptosaurus aphanoecets, recentemente descrita (Carpenter & Wilson, 2008) na Morrison Formation (EUA).

Uma vez mais, Portugal e a Península Ibérica (em particular com a presença do dinossauro saurópode espanhol Turiasaurus em Torres Vedras e Lourinhã) apresentam-se como um espectacular cenário biogeográfico, com faunas de dinossauros endémicas e partilhadas com a América do Norte.

A presença de formas estreitamente relacionadas com faunas sincrónicas no registo norte-americano, em simultâneo com formas endémicas e outras partilhadas pelo registo europeu, está ainda muito dependente da interpretação das relações de parentesco de muitos grupos representados.


Intercâmbio de dinossauros

Os terópodes Lourinhanosaurus e Aviatyrannis são, de momento, exclusivos da Península Ibérica e Ceratosaurus e Torvosaurus seriam formas partilhadas (pelo menos a nível genérico) com o registo sincrónico de América do Norte. A ocorrência de Allosaurus em Portugal é muito mais conclusiva. Surgindo em Pombal e em Torres Vedras (nas arribas da Praia de Cambelas), a descrição destes exemplares constitui a primeira referência robusta de um Allossaurídeo na Europa, do género fora da América do Norte e de uma espécie de dinossauro partilhada entre a Europa e os EUA.



Os restos de Allosaurus conhecem-se bem nas camadas sincrónicas da Formação Morrison, nos Estados Unidos, mas o achado dos exemplares portugueses sugere uma distribuição mais ampla da espécie ao largo da Laurasia. Esta presença de faunas partilhadas leva a supor a existência de uma ligação terrestre, pontualmente emersa ao largo do Atlântico Norte, e que permitiria o intercâmbio de dinossauros entre os dois continentes. A estas espécies, juntam-se ainda Stegosaurus armatus de Casal Novo (Batalha).

 Acima: representação interpretativa de Lourinhanosaurus
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