O Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) publicou uma carta geológica que descreve pela primeira vez à mesma escala o substrato geológico do território do continente, das ilhas e de parte da região imersa portuguesa.
A carta, à escala de 1:1 000 000, apresentada na feira Portugal Tecnológico, foi realizada segundo novas tecnologias e, além de apresentar pela primeira vez as ilhas e a parte do território escondido pelo oceano, relaciona a diversidade do substrato geológico do território com as respectivas idades geocronológicas.
Até agora existia uma outra carta geológica, de 1968, agora obsoleta, que apenas continha o continente e que foi realizada ainda antes da divulgação da teoria da Tectónica de Placas e da evolução recente de conceitos científicos ligados à geologia.
«Há quem pense que a geologia é monótona, mas no nosso país é extremamente complexa e há muita diversidade, porque é uma daquelas zonas das periferias dos continentes que têm sido actuadas por diversos ciclos geológicos», explica à Lusa Luísa Duarte, da Unidade de Geologia e Cartografia Geológica do LNEG.
O solo e subsolo do continente têm vestígios geológicos que datam desde o período Pré-câmbrico (entre 4,5 Ma e 60 Ma atrás), o ciclo em que começou o movimento das placas tectónicas e se iniciou a atmosfera e a vida na Terra, um planeta com cerca de 4,6 mil milhões de anos.
Segundo os autores desta carta, a bacia imersa portuguesa é, em parte, continuação do continente, mas em mar aberto «a crusta já é oceânica».
Assim, em comparação com o continente, a Madeira «é uma jovem, com menos de cinco milhões de anos». Esta ilha é um grande vulcão que teve a sua última actividade há cerca de seis mil anos.
«Vamos agora fazer um estudo com a Empresa Eléctrica da Madeira, para ver se há possibilidade de encontrar energia geotérmica ainda quente, que nos permita trazer um fluido para cima e assim produzir electricidade», contou a especialista.
Embora as suas ilhas tenham idades diferentes, os Açores são ainda mais novos e encontram-se em expansão por influência da crista média atlântica, localizada entre as duas ilhas mais ocidentais e as outras, por onde continua a sair magma.
«Ainda há pouco tempo houve actividade no vulcão da Serreta [ilha Terceira] e também o dos Capelinhos [Faial] estenderam a ilha, embora depois tenha colapsado. No entanto, um dia pode acontecer que se venha desta forma a acrescentar terra ao país», lembrou.
Segundo Telmo Bento dos Santos, também do LNEG, a nova carta era esperada há muito pela comunidade científica e, além de ser «uma síntese importante da geologia nacional», vai permitir cooperar internacionalmente com projectos como o da OneGeology Europe, cujo objectivo é fazer uma carta da Europa à escala 1:1 000 000.
Este geólogo salientou que projectos de cartografia como este são importantes, porque «permitem identificar e valorizar economicamente os recursos endógenos, servem de base à prospecção mineira e de recursos energéticos, dão suporte ao ordenamento do território e definem zonas de risco geológico», como regiões sísmicas, vulcânicas, de escorregamento de vertentes ou de queda de arribas «como a que aconteceu no ano passado na praia Maria Luísa».
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Adaptado de: TVI24
O engeo.web acrescenta que esta nova carta se pode encomendar online, através do site do LNEG (link disponível em «Sítios de Interesse»), e tem o custo de 14.15€ (mais IVA e portes de envio).
1 comentário:
Não se esqueçam de uma para mim :)
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