23 agosto 2013

Contra a Chevron, contra o gás de xisto na Polónia

Os habitantes da aldeia de Zurawlow, no distrito de Grabowiec, Sudoeste da Polónia, ocupam desde dia 3 de Junho uma área onde a norte-americana Chevron pretende explorar gás de xisto.

Numa luta de David contra Golias, os agricultores de Zurawlow já ganharam uma batalha no ano passado, quando acusaram a multinacional petrolífera de violar a directiva europeia sobre a conservação das aves silvestres. 

Agricultores polacos temem a poluição provocada pela exploração do gás de xisto
Mas a Chevron não se deu por vencida e, apoiada pelo governo de Donald Tusk (centro-direita), voltou à região e começou por tentar vedar a zona da concessão. Os habitantes locais ofereceram-lhe resistência, mantendo os terrenos sob ocupação desde há dois meses, alegando que a Chevron não pode vedar a propriedade que lhe foi concedida para fins públicos e exigem que a comunidade tenha conhecimento prévio e possa escrutinar as suas actividades. 



Neste braço-de-ferro desigual, os populares, que temem que a exploração do gás de xisto destrua as suas terras e recursos hídricos. A desigualdade agrava-se quando, ao abrigo da legislação polaca, as autoridades nem sequer consideraram necessário realizar estudos de impacto ambiental. 

Os interesses envolvidos têm uma tal dimensão que populações inteiras correm o risco de serem simplesmente expulsas das suas terras. Segundo um trabalho da IPS (Inter Press Service), a Polónia é um dos países mais promissores para a exploração do gás de xisto. Estimativas da Administração de Energia dos Estados Unidos indicam que o subsolo polaco poderá conter cerca de de 28 quilómetros cúbicos. 

Ora como o consumo de gás da Polónia se situa nos 17 mil metros cúbicos por ano, tais reservas significariam o abastecimento do país durante cerca de 300 anos. Não é assim de admirar que o governo polaco e as classes dominantes se mostrem rendidos ao novo «El Dorado», apostando na sua exploração custe o que custar. Com esse objectivo, o governo tem vindo a preparar legislação, exigida pelas multinacionais, que prevê isenções fiscais e lhes permite operar com toda a liberdade, descurando os altos riscos ambientais que a actividade implica. 

A técnica para extrair gás de xisto é a fracturação hidráulica e consiste em injectar água e produtos químicos no subsolo para libertar o gás contido nas rochas. As perfurações atingem milhares de metros de profundidade e nem sempre o êxito está garantido. Por isso, os agricultores afirmam que «podemos ficar sem gás e sem água». Aos protestos dos agricultores, o ministro do Ambiente, Marcin Korolec, citado pela IPS, retorquiu: «O gás de xisto constitui uma enorme oportunidade para a Polónia. A maioria dos assuntos ambientais são extremamente sensíveis, como vemos na aldeia de Zurawlow, mas temos de manter a nossa rota e concretizar a nossa política».
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Adaptado de: Jornal Avante!

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